sábado, 7 de novembro de 2009

"Andarilho, quem és tu? Vejo-te seguir o teu caminho sem escárnio, sem amor, com olhar indefinido, úmido e triste, como uma sonda que, insaciada, volta de todas as profundidades novamente à luz. O que será que ela procurava lá embaixo? Tens um peito que não suspira, lábios que escondem o seu nojo, mão que só lentamente agarra. Quem és tu? Que fizeste? Descansa aqui. Este lugar é hospitaleiro para qualquer um. Restabelece-te! Não importa quem sejas: o que te agrada agora? O que serve para te reconfortar? Basta que o digas. Ofereço-te tudo o que tiver! - 'Para me reconfortar? Para me reconfortar? Ó tu, curioso, que estás a dizer! Mas dá-me, peço....' O quê? O quê? Di-lo - ' Mais uma máscara! Uma segunda máscara!'"....

F. Nietzsche - Para além do bem e do mal

sábado, 31 de outubro de 2009

Nossa!!! Faz tempo que não caminho por esses lados cibernéticos que permitem mostrar-me em liquídas metaforas, fugazes, intensas...Hoje não há mais o papel pra escrever o sentimento amargo da dor de existir (a vida é isso)...ou efêmeras experiências de felicidade......e as relações tornaram-se intercedidas pelo pc, longas conversas que viajam no "cibercosmos".

terça-feira, 1 de setembro de 2009

" A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar."

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A vida como ela tem que ser

Não quero deuses, líderes ou heróis
Não quero me escravizar pelo dinheiro
Apenas para ter o status que tantos querem
E assim se inscreverem na sociedade como aceitáveis.
Ao contrário, quero me inscrever em mim mesmo,
Poder ter tempo para ver o sol se pondo
Sair e andar a esmo sem se preocupar
Parar nos bares e encontrar pessoas
Observar as flores do ipê amarelo caídas no chão.
Quero poder sair da rotina,
Acordar meia noite e dormir meio dia,
Viver na simplicidade de cada hora,
Sem excesso de concreto só do abstrato
Quero me preocupar com a próxima criação,
Não com o próximo objeto de consumo.
Quero dinheiro que dê apenas para sair por ai,
Consumir Nietzsche, Dionísio ou Baco,
Pagar por algo que me faça sentir prazer e emoção.
Não quero as regras que são para manter as pessoas controladas,
E impossibilitam qualquer criatividade,
Quero a vida como ela é pra ser.
Se for pra enlouquecer que seja de tanto imaginar
Não de trabalhar.

sábado, 1 de agosto de 2009

Zeitgeist

O filme desconstrói crenças da humanidade em relação ao cristianismo e superstições tolas. Mostra também como a sociedade se deixa influenciar pelo bem ensaiado discurso dos políticos sobre vários acontecimentos. Na verdade, todas as ações políticas são unicamente voltada para os interesses (financeiros, diga-se de passagem) do próprio governo, principalmente do mórbido lado direito.
No entanto, do meu ponto de vista, o mais crucial do filme, a maior descontrução das ideias são as explicações sobre o cristianismo, que seria apenas uma miscelânia de mitos de culturas outras. A religião reinventou saberes, dando-lhe um nome, um líder e seus representantes, ideias de bem/mal, ilusões de vida pós morte....e todas as patifarias referentes ao cristianismo que o povo crê que "realmente" exista ou existiu, sendo que não há relatos de alguém que tennha visto deus, ou que a bíblia seja tão verídica no relato dos fatos que descreve quanto a teoria de que dois homens ( dos E.U.A., claro) tenham ido à lua.

Depois tem mais sobre o filme...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Aos loucos ou que se consideram, que estão à margem das normas e ditos sociais, que não se entregam à caretisse e se permitem sair da rotina por um segundo. Àqueles sempre com ideias novas todos os dias, de imaginação criativa e bizarra, que mudam os programas, que tem vontade de quebrar a tv ao ouvir a voz daqueles seres apresentadores, que não suporta música sem coerência que dá um foda-se à modinhas e modismos...que lê e faz poesias e lê coisas que são alimentos pra alma e permitem a reflexão e o pensar, o pesar da existência e que não segue nenhum pensamento quando este se profere verdade absoluta. LEIAM:


SAÚDE MENTAL - Rubem Alves

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma.. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se.Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos. Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, bastarfazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito.O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos,entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele.Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso dos símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles
podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: a música que saía de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou.Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental até o fim dos seus dias. Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente contra-indicados. Já o funk pode ser tomado à vontade.Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar.. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato. Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A extração da pedra da loucura -- Hieronymus Bosch


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Loucura, estar no mundo, singularidade, sentir o irreal, ser agora, sonhar acordado, delirar, fazer o impensado, ser jogado no mundo e pular dele.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O fim de tarde dava a sensação de que a vida pode ser mais leve.
A transição da tarde pra noite traz profundos pensamentos e desejos de algum acontecimento extra.
Essa parte do dia me atrai...não queria estar fazendo nada de rotina nessa hora,
Apenas olhando o por do sol, refletindo na sua luz de despedida.
Sentindo aquela ansiedade da noite que se aproxima...para encontrar os notívagos que vagam por ai com uma garrafa de vinho na mão e uma poesia na mente.

E então findar a noite numa filosófica embriaguez.

sábado, 23 de maio de 2009

“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existem muito mais crentes do que pensadores.”

Bruce Calvert
“A maioria das pessoas preferiria morrer à pensar; de fato, muitas o fazem.”
Bertrand Russell

sábado, 16 de maio de 2009

do livro Um inimigo do povo (Henrik Ibsen)

"...não me convém perder tempo com esta pobre manada de fôlego curto, que nada tem a ver com o grande movimento da vida. Para eles não é possível o sonho, nem o progresso. Penso no pequeno grupo dos indivíduos que estão sempre na linha de frente, longe da mesmice da maioria, lutando por novas verdades, demasiado novas para que a maioria as compreenda e as admita. ...Que sentido tem as verdades proclamadas pela massa, massa essa que é manobrada pelos jornais e pelos poderosos? São velhas e caducas."

sábado, 9 de maio de 2009

Agora com um blog para falar das estações, dos momentos, das misérias do mundo, da hipocrisias, dos mal estares................